DESMANTELAMENTO DA FUNDEMA
Gert Roland Fischer(*)
Não acreditei no primeiro momento
em que li comentários sobre a destruição da Fundação do Meio ambiente de
Joinville – FUNDEMA. Citada em inúmeras ocasiões, a entidade de licenciamento
ambiental sempre se destacou como de vanguarda e um exemplo que foi seguido por
inúmeros municípios catarinenses. Como
conselheiro do CONSEMA – Conselho Estadual de Meio Ambiente, representando a
FEEC – Federação das entidades ecológicas catarinenses no período de 2012 a 1013
acompanhei muito de perto algumas apresentações de técnicos da entidade dando
divulgação do trabalho que vinha realizando o município de Joinville.
O CONSEMA é o órgão que avalia os
requerimentos dos prefeitos de SC quando desejam licenciar ambientalmente
estruturas privadas que geram impactos ao ambiente natural em seus municípios.
A exigências são rigorosas e devem ser
cumpridas. Entre essas exigências estão os técnicos nominados e que atuarão no
licenciamento ambiental, que terão os seus currículos avaliados criteriosamente para que possam
proteger a sociedade de forma competente.
Nesse momento da avaliação dos processos os conselheiros do CONSEMA
fazem suas considerações, recomendações e requerem VISTAS AO PROCESSO para
novas exigências quando os processos foram elaborados sem qualquer
sustentabilidade jurídica e legal.
O licenciamento ambiental quando
executado pelo município, deve ser realizado com isenção político partidária. Deve ter em seus quadros técnicos
profissionais especialistas em meio ambiente, em solos, em hidrologia, em
cobertura florestal, em elementos químicos e muito mais. Essa analise do estafe
profissional vai conceder o credenciamento dessas unidades licenciadoras, a
qualificação e a quantificação da capacidade técnica de analise e fiscalização
da equipe técnica e jurídica garantindo a idoneidade e a lisura dos
licenciamentos.
Com o aval do CONSEMA a unidade
municipal licenciadora – de preferência no formato jurídico de FUNDAÇÕES que tem independência político
partidária expressa em seu estatuto e regimento interno comprovando os objetivos e o limite de sua capacidade de atuação.
Quem fiscaliza as FUNDAÇÕES como
a FUNDEMA de Joinville, Fundema de Araquari, Faema de Blumenau, Fujama de
Jaragua do Sul, so para citar alguns exemplos também de sucesso é o MINISTERIO
PUBLICO DE SANTA CATARINA, que em nome do povo de SC, controla os atos dos
presidentes, dos licenciamentos, da qualidade da fiscalização, as omissões, os
desvios de conduta, a corrupção e os favorecimentos. As fundações de
licenciamento ambiental municipais em SC, formam a rede estadual de agencias municipais
de licenciamento ambiental.
Joinville sempre esteve na
vanguarda das novidades e aceitamento das regras legais ambientais. Foi o
primeiro município a criar um CONSELHO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE – COMDEMA o
que aconteceu na primeira gestão de W. Freitag, sob recomendação da APREMA-SC –
associação de proteção e equilíbrio do meio ambiente de Santa Catarina, fundada
em 15 de março de 1977 com mais de 400 associados.
Com o DESMANTELAMENTO da
estrutura da FUNDEMA de Joinville, a maior entidade estadual de licenciamento
ambiental de SC, um modelo que foi até agora o seu desempenho profissional - o município de Joinville volta a idade da pedra lascada. Com
a “distribuição” dos técnicos da
FUNDEMA, em outros departamentos do governo municipal, deixa de existir equipes
multi- disciplinares para avaliação dos licenciamentos mais complexos,
justamente esses que fazem a grande pressão para aprovações imediatas e
fulminante. Se o objetivo do desmantelamento da FUNDEMA foi criar a fragilidade
do processo, esse será plenamente alcançado e assim ocorrerão centenas de licenciamentos sem os devidos
critérios técnicos e jurídicos. Torna-se assim um processo DIFUSO com dificuldades de controles
em favor da coletividade. O executivo terá mais facilidades em atender as pressões dos setores que desejam
tratamentos “especiais”, agilidade,
localização em áreas proibidas,
descontroles nos procedimentos de monitoramentos dos serviços ambientais
obrigatórios – requisitos que deixam de ser expressamente presentes nas
licenças e assim relaxando os controles e deixando de exigir a instalação de
equipamentos que fazem a minimização dos impactos atmosféricos, pressão
acústica, impactos hídricos e perda da qualidade de vida. Os grandes
beneficiados serão empreendedores que não conseguiram se instalar em outros
municípios por que não conseguiram as respectivas licenças ambientais.
O CIDADÃO DEIXA DE TER UM
ENDEREÇO PARA DENUNCIAR MAUS TRATOS POR LICENCIAMENTOS AMBIENTAIS APROVADOS
PARA OS COMPADRES.
Com a atual estrutura proposta,
cai fora o MPSC, o CONSEMA, e o município de Joinville passa a ter FRAGILIDADE jurídica
na área ambiental com certeza.
A ditadura grotesca do capital a
qualquer custo oferece esse prato diário para os contribuintes e eleitores de
Joinville. Sem a FUNDEMA os únicos perdedores serão os 530.000 habitantes de Joinville.
Caberá a Câmara de Vereadores
manter a razão de seus vereadores eleitos pelos cidadãos, não se deixar intimidar
pelo setor da construção civil, dos loteadores que querem avançar sobre os
manguezais e restingas, sobre o cinturão verde, sobre a APA, e sobre aras de
Preservação Permanente que todos, incluindo os mineradores de seixos rolados e
os dinamitadores de montanhas de preservação permanente que produzem brita
muito cara para o município, os grandes beneficiados e nesta “jogada de Mestre”
garantirão futuras doações de campanhas.
Com o desmantelamento da FUNDEMA
perde o cidadão, tão somente.
(*) Voluntario e
profissional consultor para assuntos ambientais.