A nova elite do congresso do PMDB e do PT, por Elio Gaspari
Elio
Gaspari, O Globo
Senadores
e deputados devem refletir sobre a seleção que vem sendo escalada para dirigir o
Congresso e ocupar cargos relevantes no plenário. A cúpula do Parlamento tem
algo como 20 posições de destaque, que refletem a essência da liderança das duas
Casas.
Sempre
houve casos esparsos, e graves, em que foram escolhidos parlamentares com mais
prontuário que biografia. Jamais se chegou ao que se está armando agora.
Para
a presidência do Senado, o favorito é Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele já esteve
nessa cadeira (ocupada pelo padre Diogo Feijó) e em 2007 renunciou porque foi
revelada uma rede de relações perigosas na qual a empreiteira Mendes Júnior
pagava as despesas da namorada com quem tivera uma filha.
O
episódio valeu à senhora a oportunidade de posar para um ensaio de J.R. Duran na
revista “Playboy”.
Para
a presidência da Câmara, já ocupada por Ulysses Guimarães, o favorito é o
deputado Henrique Alves (PMDB-RN). Mantinha em sua assessoria (paga pela Viúva)
o sócio da empresa Bonacci Engenharia, que recebeu R$ 6 milhões em verbas
federais direcionadas para obras em 20 municípios do Rio Grande do Norte
governados por correligionários.
Na
sede da empresa o repórter Leandro Colon encontrou o bode Galeguinho.
Para
a vice-presidência da Câmara, a bancada do PT escolheu o deputado André Vargas.
Há poucos dias, quando o ex-governador gaúcho Olívio Dutra disse que José
Genoino deveria renunciar ao mandato, Vargas exibiu a ética do PT 2.0: “Quando
ele passou pelos problemas da CPI do Jogo do Bicho, teve a compreensão de todo
mundo. (...) Ele já passou por muitos problemas, né?".
Para
a liderança da bancada do PMDB de Calheiros e Alves, exercida em outros tempos
por Mario Covas, o favorito é o deputado Eduardo Cunha (RJ).
Começou
sua carreira política durante o collorato, quando tinha o beneplácito de Paulo
César Farias. Tornou-se poderoso padrinho nas Centrais Elétricas de Furnas e no
seu fundo de pensão.
Em
2011 fechou todos os salões do Copacabana Palace para uma festa familiar com mil
convidados. Tem o apoio de Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes.
Cunha
disputa o lugar com o deputado Sandro Mabel, um dos homens mais ricos do
Congresso. Acusado de ter oferecido R$ 1 milhão de luvas e R$ 30 mil de mesada a
uma colega para que mudasse de partido, viu-se absolvido pelo plenário.
Na
liderança do PT está o deputado José Guimarães (CE), irmão de José Genoino,
ex-presidente do partido, que aguardará no plenário o desfecho da sentença do
Supremo Tribunal Federal que o condenou a seis anos e 11 meses de prisão,
impondo-lhe uma multa de R$ 468 mil. Em outra encarnação, ele liderou a bancada
petista.
Em
2005 um assessor de Guimarães foi preso no aeroporto de Congonhas com R$ 200 mil
numa mala e US$ 100 mil na cueca.
Juntos,
o PMDB e o PT controlam 31 da 81 cadeiras do Senado e 165 das 513 na
Câmara.
Essa
nova elite parlamentar reflete um sentimento das bancadas e de boa parte do
plenário. Elas seguem uma norma de Don Vito Corleone:
"Para
mim, não tem importância o que uma pessoa faz para ganhar a vida.
Entendeu?
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