28 de dezembro de 2012

Estamos na antessala do racionamento


22:43 HORAS - Joinville. 
A INCOMPETENCIA, A CORRUPÇÃO E A FALTA DE COMPROMISSO COM O POVO CONTRIBUINTE 
BRASILEIRO SERÃO EXPOSTAS NUA E CRUAMENTE A PARTIR DE 2013. O GOVERNO NÃO TEM 
MAIS COMO ENGANAR E ESCONDER A REALIDADE CATASTROFICA QUE OCORRERÁ.

GERT ROLAND FISCHER 
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19/12/2012 - 15:08

Apagões

Brasil caminha para o racionamento de energia
Petrobras recorre às federações das indústrias de São Paulo e do Rio para
elaborar plano de controle do consumo de gás e energia elétrica
Malu Gaspar


Apagão em São Paulo (Mauricio Lima/AFP)

“Estamos na antessala do racionamento. Por isso o pedido de providências
ao governo. A última coisa que queremos é que a atividade industrial seja
prejudicada, afetando o crescimento da economia”, diz Cristiano Prado,
gerente de competitividade industrial da Firjan

A falta de chuvas e a má gestão do setor energético nacional fizeram o
país chegar a uma situação limite: o Brasil está às portas de um
racionamento ou mesmo de desabastecimento de energia elétrica e de gás. O
alerta foi dado na última segunda-feira pela Petrobras às federações das
indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e São Paulo (Fiesp). Interlocutores
da presidente da estatal, Graça Foster, procuraram as duas entidades para
pedir ajuda na elaboração de um plano de racionamento tanto para a energia
elétrica quanto para o gás.  Em reação, a Firjan está pedindo ao
Ministério das Minas e Energia que esclareça quais providências está
tomando para evitar o pior.

As hidrelétricas brasileiras estão gerando menos energia do que são
capazes, porque há pouca água disponível. Os reservatórios do Sudeste e do
Centro-Oeste estão no nível mais baixo dos últimos dez anos -- apenas
29,8% do total. Essa é a região que produz 70% da energia do país. A
previsão para os próximos meses é de uma quantidade de chuvas menor do que
nos anos anteriores. Para evitar apagões, todas as termelétricas do país
foram ligadas e estão operando a plena capacidade. Atualmente, 20% da
energia gerada no Brasil vem das térmicas. Essas usinas podem ser movidas
a gás, carvão ou óleo. Dos três, o gás é o insumo mais barato e mais
limpo. Além do produto que vem do gasoduto Brasil-Bolívia, o país ainda
importa gás liquefeito, mas a Petrobras está encontrando dificuldades em
importar gás para os meses de janeiro e fevereiro, o que obrigaria a
estatal a tirar gás dos consumidores industriais para continuar
abastecendo as térmicas.

O gás é a fonte de energia empregada em 11,3% do parque industrial
brasileiro. Os setores que mais dependem do gás para funcionar são o
químico e petroquímico, o de cerâmica e vidros e o de metalurgia.Qualquer
aumento de demanda, portanto, pode levar a um racionamento ou
desabastecimento. Para a Firjan, a situação é “muito crítica”.

“Estamos na antessala do racionamento. Por isso o pedido de providencias
ao governo. A última coisa que queremos é que a atividade industrial seja
prejudicada, afetando o crescimento da economia”, diz Cristiano Prado,
gerente de competitividade industrial da Firjan. Para o consultor Adriano
Pires, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (Cbie), o mau planejamento
da demanda energética agravou as consequências da conjunção climática
desfavorável. “Se não tivéssemos esperado tanto para ligar as usinas
térmicas a gás, possivelmente não teríamos hoje reservatórios tão baixos.
O governo ficou esperando um milagre da chuva que não aconteceu”, explica
Pires. Para ele, o governo deixou para acionar as térmicas mais tarde
porque o custo da energia gerada nessas usinas é maior que o da fornecida
por hidrelétricas. Seria, portanto, politicamente inconveniente aumentar o
preço da energia em um momento em que o governo protagoniza um embate com
as distribuidoras de energia elétrica por uma queda no preço das tarifas.

Leia também:
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Desligamento de geradoras provocou apagão de sábado

Dilma - A presidente Dilma Rousseff usou o tema do racionamento em várias
oportunidades para atingir o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ela,
que foi ministra de Minas e Energia na primeira gestão de Luiz Inácio Lula
da Silva, atacou o tucanato durante a campanha presidencial de 2010
argumentando ter sido a responsável por reestruturar o setor elétrico do
país e impedir a volta do apagão. Em setembro deste ano, o assunto voltou
à baila. No anúncio da redução das tarifas de energia elétrica, Dilma
voltou a lembrar dos apagões de 2001. naquele ano, foi necessário o
racionamento para evitar a falta de luz. "O novo momento exige que o País
faça redução de custos e a redução das tarifas decorre do modelo
hidrelétrico que implementamos em 2003. Lembro quando o mercado de energia
não funcionava, mas esse País mudou, hoje respeitamos os contratos.
Contratos venceram, não se pode tergiversar quanto a isso", afirmou a
presidente, referindo-se ao ano em que ela assumiu a pasta da Energia.

Na mesma ocasião, Dilma fez a seguinte declaração: “Tínhamos um país com
sérios problemas de abastecimento e distribuição de energia, que amargaram
oito meses de racionamento, que resultaram em grandes prejuízos para as
empresas e impuseram restrições à qualidade de vida da população. Tivemos
que reconstruir esse setor”, declarou.

Dois dias depois, o atual ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse
que o Brasil não passaria por novos apagões. O que houve no período
anterior ao governo Lula foi um racionamento de energia que durou oito
meses e que não voltará a acontecer no Brasil. Hoje temos um sistema
interligado de Norte a Sul, de Leste a Oeste no País", afirmou.

Fiesp - Procurada pela reportagem do site de VEJA, a Fiesp negou que tenha
sido comunicada formalmente sobre o alerta da Petrobras. “Para o
presidente Paulo Skaf ou para mim, ninguém ligou para falar de escassez de
energia elétrica. Formalmente a Fiesp não recebeu nenhum comunicado da
Petrobras”, afirmou Carlos Cavalcanti, diretor de infraestrutura da Fiesp
responsável pela área de energia. O diretor comentou ainda que falar em
racionamento é “alarmismo”.

Na tarde desta quarta-feira, a diretoria do Sistema Firjan emitiu um
comunicado às empresas associadas sobre o “agravamento das condições de
oferta de energia elétrica e gás no país”. Diz a nota: “A água retida nos
reservatórios das usinas hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste,
onde se concentra a maior parte dos reservatórios do país, representa
atualmente apenas 29% da capacidade total de armazenamento. Para evitar
que a redução dos reservatórios atinja níveis críticos de risco
praticamente todas as termelétricas disponíveis já estão em operação, não
havendo mais, portanto, margem para aumento significativo da geração
térmica. Além disso, a logística de abastecimento dessas usinas, em
especial as operadas a óleo combustível e a diesel, também não é trivial e
tem enfrentado dificuldades. Soma-se a isso a previsão de chuvas para o
futuro próximo estar abaixo da média histórica, o que poderá levar à
continuidade de redução da capacidade dos reservatórios. Diante desse
quadro, a possibilidade de ocorrência de eventos de desabastecimento
temporário de energia para o fim do ano e início de 2013 aumentou
substancialmente, alcançando níveis preocupantes. Concomitantemente, a
elevada demanda de gás natural para suprimento das térmicas poderá levar
as distribuidoras estaduais a exercer junto aos seus clientes industriais
as cláusulas de flexibilidade e de interruptibilidade dos contratos.
Qualquer um dos eventos terá impactos negativos inequívocos sobre a
atividade industrial.”

A Firjan informa que solicitou ao Ministério de Minas e Energia e à
Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do
estado do Rio de Janeiro esclarecimentos sobre medidas que possam garantir
o “fornecimento adequado desses insumos energéticos, essenciais para a
atividade industrial e para todo o país”.

LEIA TAMBÉM:

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FONTE:
http://veja.abril.com.br/noticia/economia/brasil-caminha-para-o-racionamento-de-energia

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