POR GUILHERME GASSENFERTH
Fisiologismo.
Você sabe o que é, leitor joinvilense? É o nome chique para se falar de troca de favores, ações e projetos para benefício de interesses individuais (sempre em detrimento do coletivo), nepotismo
e oferta de cargos a apoiadores sem competência.
Nosso maravilhoso idioma deu-nos a possibilidade de juntar todas
estas porcarias sob um só substantivo: fisiologismo. Não é à toa que nos remete a necessidades fisiológicas, que associamos ao que, coloquialmente, conhecemos por MERDA.
Perdoem-me os bem educados e os recatados, mas é de merda mesmo que vamos falar. O que é esta aliança que se formou nas eleições de Joinville? O papel de fisiologista que, nos últimos anos, coube ao
PMDB, local e nacionalmente, agora mudou de mãos radicalmente.
Kennedy Nunes, um lunático que viveu a sua vida às nossas custas e nunca trouxe benefícios aparentes de seu trabalho (doeu escrever isso!)
como
legislador em 24 anos, juntou-se a dois candidatos que outrora (semanas atrás) desprezava: Carlito Merss e Marco Tebaldi.
Bem, de Tebaldi o que poderíamos esperar? Não bastasse ter feito
merda no governo municipal (que ironia para um engenheiro sanitarista!),
ter cometido o maior crime ambiental da história de Joinville e ter
destruído a educação pública estadual, Marco Tebaldi se achou no direito de sair candidato de novo. Bem, pelo menos agora a população deu o troco: 4º lugar nas urnas.
Volta, Tebaldi, pra Erechim!
De Carlito Merss eu gosto. Não acho que tenha feito um ótimo governo, mas o julguei satisfatório e acredito que, num segundo mandato, corresponderia às expectativas dos quase 200 mil eleitores que
votaram
nele, em 2008. Mimimis à parte, não deu pra ele! Vítima de uma imprensa alimentada a jabá, da impopularidade de obras como
saneamento básico e da incompetência de vários de seus liderados, Carlito
amargou a derrota e não conseguiu o visto da população para continuar no gabinete da Hermann Lepper n° 10. Parece que a derrota não lhes caiu bem, fazendo mal não só pro
fígado, mas, principalmente, pra cabeça. Em menos de 10 dias, após a eleição, estes dois candidatos, derrotados, declaram apoio a Kennedy. Juntos,formam a sigla KCT, cunhada brilhantemente pelo nosso coblogueiro Sandro. Essa sigla é perfeita. A coligação oportunista pra KCT seria inadmissível num sistema político sério. Bem, como falamos em seriedade, já dá pra tirar Tebaldi e Kennedy. Não tínhamos como esperar coerência ou bom senso
destes dois: coerência e bom senso versus Tebaldi e Kennedy são como água e óleo. Kennedy rasgou todo o seu discurso (tão frágil que deve ter lhe bastado um peteleco) e recebeu apoio de seus alvos favoritos.
Como é lindo o divino poder do perdão!
Mas Carlito Merss e o PT apoiando Kennedy Nunes? Foi um golpe duro na artéria da moralidade. É tão incompreensível quanto a galinha associar-se à raposa. Quando assumiu, Carlito foi vítima dos verborrágicos e teatrais lamentos de Kennedy Nunes, o qual retirou o apoio que ajudou Carlito a ser eleito. Mudando de lado num passe de mágica - como é próprio dos pessedistas - digo, oportunistas. Kennedy manteve relação beligerante com nosso ainda atual prefeito. Por
quatro anos, Carlito foi bombardeado nas páginas do jornaleco de risível credibilidade que dá suporte ao deputado-cantor e foi corroído pela ironia destilada, como veneno, por Kennedy.
A união de PT e Kennedy seria cômica, não fosse trágica. Não é apenas pelo esquecimento das diferenças de dias atrás, mas, principalmente, pela incompatibilidade de posicionamentos, crenças e ideologias (foi
duro escrever esta palavra). Na história, PT é esquerda e PSD é direita. O PT combatia o PSD. O PT tratava o PSD como o diabo! O PSD torturava e o PT buscava anistia. Como pode o PT do Lula, que ali, na praça Dario Salles, mandou extirpar os Bornhausen de nossa política, estar quatro anos depois, associado ao partido deles?
PT e PSDB, ambos nascidos do MDB, lutaram juntos pela redemocratização, pelos direitos humanos, pela anistia, pelas
diretas, pela liberdade. Hoje, PT e PSDB juntaram-se à ex-ARENA não paradefender ideais, mas cargos; não por um projeto político, mas por um projeto de poder; não pelo povo, mas contra o povo.
É a tetodependência, como disse o Baço.
O asco que sinto neste momento é tanto que eu rasgo o que escrevi na última sexta-feira e tomo partido publicamente: anti-KCT. Eu não
posso apoiar esta composição esquisita que estão fazendo debaixo dos nossos narizes, diante dos nossos olhos. Dar meu voto a eles é legitimar o ilegítimo e dizer sim ao fisiologismo. Pelo menos, juntaram-se as moscas sobre a merda. Fica claro de que lado é preciso ficar.
À política nojenta, eu digo um claro e sonoro NÃO!
Fica declarado, em alto nível e bom tom, meu voto em Udo Döhler.
Nenhum comentário:
Postar um comentário