Rio+20: Mouros na costa
“Árdua
é a missão de desenvolver e defender a Amazônia. Muito mais difícil, porém, foi
a de nossos antepassados em conquistá-la e mantê-la.”
Gen.Ex.
Rodrigo Otávio Jordão Ramos
Árdua
a antepassados em conquistá-la e mantê-la.
Na
segunda metade do século XIX a eficiência dos processos industriais havia
chegado a um ponto tal que o mercado interno das nações industrializadas já não
mais conseguia absorver toda sua própria produção. A hipótese de vender seus
excedentes industriais a outras nações igualmente industrializadas era
inviável, pois não somente elas viviam os mesmos problemas como o universo
constituído por todas elas havia estabelecido barreiras comerciais tão
abrangentes que inviabilizavam uma concorrência justa com os produtos
importados.
Por
outro lado, os lucros obtidos pelo complexo industrial financeiro eram tão
exorbitantes que havia também um excedente de capital esperando por uma
aplicação rentável qualquer.
A
solução encontrada para esse problema foi o estabelecimento de colônias que
pudessem absorver ambos os excedentes. Essas colônias dispunham de governos
próprios, quer exercidos por cidadãos naturais das metrópoles quer por meio de
governadores nativos títeres ou, ainda, em um sistema hibrido: o governador
estrangeiro permitia que os líderes locais exercessem um poder vigiado, muito
semelhante ao que Roma fazia na Palestina no tempo de Cristo.
As
colônias se tornaram mercados cativos para todos os tipos de mercadorias
disponíveis nos estoques das matrizes. Quanto ao capital, ele foi descarregado
nelas por meio do financiamento de obras, normalmente de infraestrutura que,
“por coincidência”, eram executadas quase que exclusivamente com insumos, bens
e produtos comprados nas metrópoles com o próprio dinheiro dos financiamentos.
A
parcela dos pagamentos por conta dos nativos era constituída pelos impostos e
pela exportação de matérias primas a preços estabelecidos pelas próprias
matrizes.
Embora,
como dito acima, a razão primordial do colonialismo tenha sido a criação de
mercados cativos para bens e capital, com o passar do tempo os estoques
próprios de matéria prima das matrizes foram se esgotando e a importância
relativa da exploração daqueles existentes nas colônias foi se tornando cada
vez maior, a ponto de certas nações industrializadas se tornarem virtualmente
dependentes desses insumos.
Após
o final da segunda guerra mundial, as colônias foram se tornando
“independentes”, mas as necessidades de matérias primas de suas antigas
metrópoles não só continuaram a existir, como aumentaram e, com o enorme
progresso tecnológico dos séculos XX e XXI, evoluíram, exigindo insumos mais
raros e sofisticados.
Esse
é o quadro que vivemos atualmente. A maioria absoluta das guerras que são
travadas no presente tem como pano de fundo a conquista de matérias primas. É
assim no Iraque, no Afeganistão, o foi na Líbia, onde mesmo antes da definição
do quadro o presidente da França já estava negociando com lideranças rebeldes
os contratos petrolíferos de interesse de seu país. Por trás de quase todas as
guerras tribais da África estão interesses espúrios em petróleo, diamantes,
coltan no Congo etc. 2
A guerra pela conquista das matérias
primas alheias vem se desenrolando há bastante tempo, em várias frentes e em
vários estágios. Se, nos países citados acima, por exemplo, já evoluiu para o
conflito armado, em outros a pressão é exercida por um “soft power” com vários
desdobramentos: meios diplomáticos, manipulação da opinião pública, ONG´s de
diferentes objetivos etc.
A
finalidade última de todos esses esforços é garantir o fluxo de insumos para
seus países pelo maior período de tempo possível. Para isso, é fundamental que
os cobiçosos evitem a todo custo o desenvolvimento dos países detentores desses
materiais, pois isso levaria a que eles utilizassem essas reservas em benefício
próprio. É necessário também evitar que eles os vendam a terceiros
indesejáveis. Finalmente, em caso de riscos de que os recursos sejam apoderados
militarmente por outras potências, intervir primeiro ou pactuar previamente a
partilha do butim com os eventuais agressores.
Enquanto
os riscos citados no parágrafo anterior permanecerem latentes, é importante
assegurar que os recursos “durmam em paz”, protegidos por reservas que podem
ser ambientais ou humanas. Quando a necessidade chegar, eles serão tomados, com
o emprego dos meios que forem necessários, devidamente justificados por
argumentos adrede semeados no imaginário público.
Para
isso, a opinião pública foi, e está sendo manipulada, tanto nos países de
origem quanto nos países alvo, por personalidades públicas de impacto, como
atores e diretores de cinema e televisão,intelectuais, atletas famosos etc.
ONG´s são fundadas e mantidas a peso de ouro, com recursos materiais de toda a
ordem, tais como embarcações, aviões, radares e até satélites, com a finalidade
de atuar proativamente na propaganda de interesse daqueles países.
Abaixo
estão listadas algumas premissas semeadas por esses grupos de pressão:
1. Os países ditos “em desenvolvimento”
devem abrir mão de seus objetivos de progresso, pois a Terra não tem condições
de prover para todos os povos o padrão de vida que já alcançaram os países
desenvolvidos.
2. Uma das causas do aquecimento global
é o desenvolvimento não sustentável, principalmente na produção de alimentos e
na geração de energia. Os países emergentes devem restringir as áreas
agriculturáveis e optar por processos que assegurem a produção “limpa” de
energia.
3. As espécies animais e vegetais devem
ter precedência a todo custo, ainda que isso implique na diminuição da
capacidade de produzir insumos minerais e energéticos que proporcionem
desenvolvimento, e até mesmo na diminuição do cultivo de alimentos.
4.
Grandes extensões de terras das nações emergentes devem ser mantidas fora do
uso econômico e devem ser destinadas à formação de reservas, ambientais ou para
abrigar certos grupos da população, como índios, quilombolas etc. Esses grupos
devem desfrutar até mesmo do direito de autodeterminação sobre o destino dessas
áreas.
O
Brasil é um país privilegiado no quesito recursos naturais. A natureza foi
pródiga conosco, depositando em nosso território imensas riquezas, tanto acima
quanto abaixo do solo. Nossos antepassados foram heroicos, expandindo as
fronteiras da Pátria e legando-nos esse imenso território. Por isso mesmo somos
um dos alvos mais prioritários da ação desses predadores.
A
conferência Rio+20 é um cavalo de Troia. Ela chega precedida de manifestações,
abaixo assinados e outros ruídos espúrios e tenderá a ser um formidável
instrumento de 3
pressão sobre o governo brasileiro no
sentido de estabelecer o statu-quo acima descrito. Atitudes anteriores do
governo mostraram tanta incompetência e má fé na defesa de nossos interesses
que todos os piores receios se justificam. A fração mais esclarecida do povo
brasileiro tem a obrigação de estar atenta para a defesa de nosso futuro.
A
conquista dos territórios coloniais na África pelas potências estrangeiras
obedecia a um procedimento padrão: tratava-se de embebedar e cumular de
penduricalhos os sobas locais que, ignorantes e ávidos por álcool e presentes,
assinavam (com um x) contratos que pouco a pouco desaguavam no domínio e na
exploração completa de seus domínios.
Tivemos
recentemente no Brasil um soba, apedeuta, alcoólatra e tão chegado a mimos que
quando deixou a maloca real foram necessários mais de uma dezena de caminhões
para transportar os presentes recebidos durante seu reinado. Não é de se
estranhar que essa figura tenha criado a reserva contínua da Raposa Serra do
Sol, tenha permitido que seus diplomatas aceitassem a declaração de
autodeterminação dos povos indígenas e perpetrado inúmeros malfeitos mais, tudo
exatamente dentro do esquema descrito acima.
O
(des)governo que o sucedeu tem as mesmas características. Seu verdadeiro
objetivo é a perpetuação no poder e, para isso, os fins justificam os meios. O
comunismo é uma ideologia internacionalista. Pátria é um conceito burguês e
ultrapassado e sua integridade é para eles apenas uma mercadoria a mais, que
pode ser negociada sem remorsos, desde que isso assegure a perenidade do
Primeiro Reich Tupiniquim.
Por
isso tudo, a Rio+20 constitui um perigo enorme para nossa soberania e
integridade. Prontidão rigorosa! Todo o cuidado é pouco. Há mouros na costa.
José Gobbo Ferreira
Nenhum comentário:
Postar um comentário