15 de junho de 2012

NEGOCIATAS COM AREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - MANGUES.


 Há dezenove anos, o jornal A NOTICIA, no dia 19.05.1993 publicou uma noticia de autoria de Avelar Livio dos Santos intitulado:

SERVIDOR PUBLICO GANHA ÁREA EM MANGUE.

Como sub-titulo escreveu: 

Pelo menos cinco funcionários graduados da prefeitura foram beneficiados.

Transcrevo a matéria jornalística:

Ao mesmo tempo em que derruba casas a prefeitura de Joinville distribui, graciosamente , terrenos, aterro, maquinas e até materiais de construção a funcionários da própria Secretaria da Habitação e Saneamento, inclusive engenheiro que hoje são proprietários numa das áreas mais valorizadas do Projeto de Reurbanização do mangue. Somente na rua projetada “A” na entrada do Jardim Iririú, foram beneficiados pelo menos cinco funcionários graduados . Cada terreno vale em torno de CR$ 50 milhões.(*)
O engenheiro Cassiano Garcia construiu uma casa de alvenaria de mais de 100 metros quadrados logo na entrada da rua em lote doado pela prefeitura. Cerca de 30 metros da casa de Cassiano, um outro terreno esta sendo aterrado para a assistente social Leila, segundo informações de vizinhos. Em frente ao terreno da assistente social, mora o motorista Edson, que serve ao secretario da Habitação  e saneamento e ocupa uma casa de alvenaria de 120 m2.Ao lado da casa de Edson o fiscal e chefe da equipe de demolição, Zildemar Ribeiro do Nascimento, esta construindo também uma casa. Outro que esta construindo é o fiscal Raul Edmann, em terreno aterrado pela prefeitura onde diariamente caminhões da municipalidade descarregam materiais.
A denuncia foi feita ontem pelos moradores da rua que pediram para não ser identificados com medo de represálias. A pouco mais de cem metros do local, a prefeitura derrubou em março do mesmo ano, a meia água de pedreiro José de Oliveira, 32 anos, que até joje não sabe o paradeiro dos seus móveis. A revolta dos moradores do Jardim Iririu não é só pelo fato da prefeitura doar terrenos destinados a famílias carentes para altos funcionários,mas principalmente pelo tratamento privilegiado. “Enquanto sofremos com os alagamentos (marés) no quintal, este pessoal da prefeitura recebe tudo de graça”. Reclamou uma moradora, informando que na semana passada um caminhão de prefeitura descarregou 200 sacas de cimento, pedras, saibro e outros materiais de construção na obra do fiscal Raul Edmann. O terreno foi cedido ao fiscal no inicio deste ano de 1993, mas desde o ano passado estava prometido à família de Osmar Dias Silva, funcionário da Consul inscrito há mais de três anos no programa. “Eu fui lá em janeiro para fazer os papéis do terreno e eles me disseram que o lote já tinha dono”.  Contou a mulher de Osmar, Ângela Manoel Silva, que na ocasião se prontificou até em arar com o aterro do terreno.
Na rua Projetada “A” o contraste é visível: enquanto os funcionários da prefeitura tem seus lotes de mangue aterrados bem acima do nível da rua, os demais moradores vivem em verdadeiras palafitas. “É um absurdo o que esta acontecendo aqui” diz Denise Silva, mãe de três filhos, há mais de um ano aguardando um lote no Projeto Mangue para morar.
Na ausência de Tebaldi, que viajou a Florianópolis, o engenheiro Divando Marcon confirmou a doação de áreas para funcionários, explicando que o imóvel ocupado pelo engenheiro Cassiano foi indicação do então Prefeito Luiz Gomes.

Comentário do Autor dessa coluna:

 (*) Comentario do Gert - Hoje esses terrenos receberam casas que valem mais de 350.000,00 reais e os lotes não edificados chegam a custar R$ 150.000,00 quando tem acesso direto aos rios do mangue, onde estão sendo construidos portinhos, trapiches e iates clubes de invasores de mangues. Tudo na maior impunidade. Estima-se que os mais de 10.000 lotes "distribuidos" representem hoje um patrimonio de mais de R$ 1,5 milhões ( Um bilhão e quinhentos milhões ) Levantamentos feitos pelo programa Ecologia em Ação, identificaram mais de um automóvel nas garagens de 50% dos proprietarios de lotes roubados dos manguezais de Joinville. Propriedades com um carro novo na garagem corresponde a mais de 70%. Propriedades com carro na caragem, novos e usados, mais de 90%.
Isto  quer dizer que os proprietarios que estão recebendo a documentação que "esquentará" esses lotes privatizados e que pertenciam ao povo do Planeta, são funcionarios publicos, classe media que trabalha em grandes empresas, proprietarios de pequenas lojas em shoppings, proprietarios de industrias pequenas e grandissimas, igrejas ( dezenas delas ) e muios amigos dos politicos que ainda circulam arrogantemente por ai tentando dar a impressão que se trata de pessoas do "bem". 
O milagre que alguns politicos apresentam na conquista de muitos votos, vem de uma contabilidade que nunca foi investigada. 

Este recorte de jornal é de propriedade da APREMA-SC, documento da pasta 1993. O documentário colecionado pelo eng. Gert Roland Fischer entre os anos de 1977 até 1993, conta com mais de 400 documentos entre recortes, cartas, ofícios, imagens, depoimentos, estudos, livros, relatórios da FATMA, documentários de jornadas cientificas, projetos de loteamentos clandestinos e copia de ações civil publicas fornecidas pelo MPF.
Para ter acesso a essa riquíssima documentação que conta a historia da destruição programada dos manguezais, transformando áreas publicas em patrimônio privado os interessados deverão manter contato com a APREMA-SC ou com o apresentador de Ecologia em Ação.

2 comentários:

  1. parabéns pela matéria... muito bom pra abrir os olhos para as "boas" ações do Tebealdi..

    e uma correção, a matéria é de dezenove anos atrás e não nove...

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  2. Caro Plínio

    Já fiz a correção de datas. Obrigado. Estou escrevendo um livro sobre a questão dos manguezais entre os anos de 1977 até agora. Devo publicá-lo em 2013 se Deus quiser e ele certamente ha de querer......

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