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SEXTA-FEIRA, 22 DE JUNHO DE 2012
Ambientalistas acusam governo de ser mentiroso
POR MIRIAM PAÇO
Em um clima aparentemente tranquilo na noite da
última quinta-feira (21) no Riocentro, a ministra do Meio Ambiente, Isabella
Teixeira, falava da eficiência da implementação do desenvolvimento sustentável
no Brasil, como o Programa de Áreas Protegidas da Amazônia, quando foi
interrompida pelo ativista Pedro Piccolo. Imediatamente, seguranças foram
chamados e, enquanto o público da plenária tentava calar o manifestante, Pedro
acusava o governo brasileiro de ser mentiroso.
“Tudo que está sendo dito nessa mesa é um monte
de mentiras. Não estamos felizes com a forma como o desenvolvimento sustentável
está sendo feito no Brasil. Organizamos na segunda-feira o movimento Marcha A
Ré, porque esse governo está andando na marcha à ré do desenvolvimento
sustentável”, criticou Pedro Piccolo, do Comitê Universitário em Defesa das
Florestas do Distrito Federal, em meio às vaias de governistas e aplausos da
sociedade civil.
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Pedro Piccolo |
A confusão começou quando o presidente do
BNDES, Luciano Coutinho, ressaltou a preocupação do banco com a sustentabilidade
e a intenção de se tornar exemplar nessa área. Assim que começou a falar,
panfletos de protesto foram erguidos pelos ambientalistas. Fingindo não perceber
a movimentação, mas visivelmente abalado, chegando a gaguejar em um determinado
momento, Luciano Coutinho continuou elogiando os avanços do Brasil na área de
sustentabilidade. Na última quarta-feira, durante a mobilização no Centro do
Rio, realizada por membros de diferentes movimentos sociais, o banco já tinha
sido criticado por financiar projetos que estariam causando impactos ambientais
e sociais graves.
“O governo brasileiro está tentando passar uma
mensagem internacional de que, em termos de política ambiental, estamos indo
bem, mas isso não é verdade. Eu não vim com nada planejado, mas não aguentei
ouvir tanta mentira. É impossível ouvir o presidente do BNDES dizer que se
preocupa com sustentabilidade, calado, como se concordasse com isso”, explicou
Pedro Piccolo.
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Maíra Irigaray |
O clima esquentou ainda mais quando Maíra
Irigaray, do Movimento Xingu Vivo para Sempre, criticou a construção da usina
hidrelétrica de Belo Monte e a falta de diálogo com o governo brasileiro. “Tudo
que está sendo dito aqui é besteira”, disparou a ambientalista em frente a
Isabella Teixeira, que tentava tomar a palavra de volta. “Se o país fosse
mentiroso, ele não teria a menor taxa de desmatamento de toda a história. E esse
esforço é graças ao trabalho de todos. Eu não aceito que seja dito que não há
democracia neste país. Todas as críticas positivas e negativas são bem vindas.
Se temos problemas, vamos corrigir”, defendeu a ministra.
Sobre a construção de Belo Monte, Isabella
lembrou que o licenciamento foi feito no governo do ex-ministro Carlos Minc e
que, mesmo assim, tem se reunido com indígenas para resolver o que estiver
errado. Além do desmatamento, Maíra apontou também o aumento da taxa de
violência. “Estamos tentando ter um diálogo aberto com o governo há tempos sobre
a construção de Belo Monte e o retrocesso do Código Florestal. Inúmeras vezes
fomos com lideranças tentar encontrar com os ministros e a presidente, mas ela
se recusa a nos receber. As obras avançam sem nenhum monitoramento”, explicou a
ambientalista.
Isabella Teixeira e Luciano Coutinho estiveram
no Riocentro para apresentar as novas iniciativas do governo resultantes da
Rio+20. Segundo a ministra, o fundo amazônico passará a dirigir recursos para a
proteção de toda a Amazônia e não apenas para a área brasileira. Durante o
encontro, o Brasil também foi usado como exemplo por ter resolvido os problemas
ambientais, apresentando a menor taxa de desmatamento na Amazônia desde
1988.
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