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Original Message -----
From: Tania
Faillace
Sent: Friday, April 20, 2012 3:28 PM
Subject: Re: acultura disseminada pelos sociopalobistas para queimar
os bem intencionados + única coisa que resta fazer diferente da ÉPOCA da
DITADURA
Tancredo Neves foi mais uma peça de xadrez comida pelo contendor
hegemônico.
Lembre que as Diretas Já, o maior movimento de massas que já houve no
Brasil, foi simplesmente enterrada (manifestação de rua não resolve coisa
alguma) sob o pretexto de que as Diretas elegeriam Paulo Maluf.
Então Ulisses foi contatado e pulou fora e cedeu o passo para a dupla
Tancredo/Sarney. Tancredo, uma das tradicionais raposas mineiras, centro do
centro, e Sarney, da oligarquia maranhense, em processo de ascensão social e
política. Era da Arena, pulou para o PMDB quando os gringos resolveram que os
militares eram nacionalistas demais (é possível ser-se nacionalista tanto na
direita como na esquerda) e mais lhes servia um civil ecumênico de boa
fala.
Tancredo tinha o inconveniente de ser um remanescente das velhas raposas
getulistas, e também mineiro. Não era fácil de enrolar. Sarney, porém, como
vice, ao invés de Ulisses, era a pessoa perfeita para o papel.
Inventaram um exame (provavelmente uma colonoscopia) para o Tancredo, exame
que exige anestesia, e abrem sua barriga sem antes lhe fazer uma lavagem
intestinal, ou afastar estranhos, com roupas de rua e sapatos, no recinto de uma
cirurgia que o paciente não sabia que ia sofrer.
Assassinato médico para não botar defeito. Depois, foi só esperar a
septicemia inevitável nas condições de múltipla infecção hospitalar de que o
infeliz foi vítima por falta intencional de assepsia. E ainda conservaram o
homem morto por alguns dias para dar satisfação ao povo na rua, que o encarava
como símbolo da redemocratização.
Uma pessoa ideal para conservar o suspense dramático: Antônio Britto, fiel
escudeiro da família Sirotsky, e que depois seria guindado ao Ministério da
Previdência Social, onde acabaria com o INAMPS, e seria levado ao governo do RS,
onde privatizaria tudo o que pudesse em favor de seus verdadeiros patrões - a
RBS.
Bom, Tancredo morreu, e Sarney assumiu ilegalmente, pois não havia sido
empossado nem diplomado - Tancredo morreu antes da posse, de tão ansiosos
estavam os meninos. Ninguém denunciou a trampa e a ilegalidade dessa posse, nem
mesmo o Senhor Diretas, quando o normal e regimental seria convocar novas
eleições.
Sarney então acaba com todos os órgãos públicos que eram perfeitamente
viáveis e úteis, se saneados de seus malandros e corruptos tradicionais: BNH,
SUDENE, SUDAM, DNOCS, DNOS, etc. deixando-nos sem qualquer instrumento de
desenvolvimento regional e sem política habitacional para todo o País.
Cumpriu com seu dever de casa, abrindo o espaço irrestritamente para o
avanço do privatismo e do neoliberalismo. O fatiamento da Petrobrás, que estava
previsto desde os tempos do Médici, mas o Geisel tinha detido, foi efetivado
mais adiante, com o FHC, o mesmo que vendeu a frota naval da Vale do Rio Doce
por valores negativos (menos cinco mil dólares), já que seu filhinho era o
intermediário. SIVAM, etc., também foram outras tantas proezas.
O resto já sabemos. Essa conversa de se Tancredo faria ou não faria, é
conversa para boi dormir. Presidentes não têm o poder nem a atribuição de fazer
ou não fazer. Eles devem estar afinados com os setores sociais que representam e
atender à plataforma que os elegeu.
A cultura brasileira está tão viciada com a monarquia, que tratam qualquer
presidente como se fosse um Luiz XIV. O próprio presidente norteamericano só faz
o que desejam Wall Street, as grandes corporações econômicas e as grandes
corporações militares. Não tem vontade própria nem pode ter - pois os governos
não passam de gerentes a serviço dos setores hegemônicos da sociedade.
Como a sociedade civil não tem poder real, apenas teórico, só pode
protestar, o que não nada custa ao outro lado, só o ajuda a manter uma imagem
democratizante.
E o Tancredo certamente foi escolhido para ser sacrificado. Já era velho e
representava uma oligarquia mineira ultrapassada - era o mais descartável de
todos os possíveis candidatos.
Mas o pessoal, certamente, não dormia em serviço: poucos anos depois,
também Ulisses desapareceu misteriosamente. Acharam-se os corpos de sua mulher,
do Severo Gomes e sua mulher, e do piloto, e dele, nem uma unha ou um pé de
sapato. Dá para acreditar?
Não sei quem apelidou a alma brasileira de ser amável e pacífica... Alguma
agência publicitária? A história mostra o contrário.
É chover no molhado dizer que o Brasil não tem
memória.
Essa amnésia é intencional, e obedece a interesses
político-econômicos e agora, geopolíticos, bem definidos.
É impossível avaliar conjunturas e estruturas, traçar
metas e estratégias, sem memória. Estaremos sempre recomeçando do zero e sem
parâmetros.
Falta de memória é também deficiência mental.
A nossa é cultivada pelos poderosos.
É muito triste conversar com alguns universitários e
perceber um paradoxal acúmulo de não-conhecimento e de
esquecimento.
E não adianta chamar-lhes a atenção sobre essa
circunstância. Eles não acreditam. Acreditam que Gatorade dá força, energia e
virilidade, mas não acreditam nos fatos, porque não os conhecem, e também não
acreditam em pesquisar documentos e livros com mais de 10 anos de edição.
Enfim, o Jornal da Globo os satisfaz
plenamente.
Tania Jamardo Faillace
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